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terça-feira, 30 de junho de 2015


GREXIT

REFERENDO É A PORTA DE SAÍDA DO EURO??

Estamos absolutamente indignados com os factos que chegaram ao nosso conhecimento esta manhã, de que a União Europeia, tinha enviado à Grécia uma proposta em que aceitava a partir de Outubro, prolongar os prazos de pagamento das dívidas e concedia “generosamente”, proteger as pensões dos mais pobres, não exigindo para eles nenhum corte, na condição do governo grego propor à população optar pelo sim, no referendo do próximo domingo.
A magnanimidade da proposta terminava, exigindo que o governo grego aceitasse as condições por escrito, não fosse o Syrisa ou Varoufakis arrependerem-se, à última hora.
Não dá para acreditar!!!
Esta caridosa filosofia de não cortar rendimentos a quem já não os tem, deixando de fora todos aqueles que praticamente já só tem dinheiro para pagar o enterro, é de um altruísmo comovedor, de resto, na linha a que nos habituou o nosso disléxico (por evidente desordem na fluência de leitura) ministro da Solidariedade, do Trabalho e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, inicialmente reconhecido como ministro da lambreta (que imediatamente se transformou em BMW da gama alta), ou pela não menos manipuladoras afirmações, do irrevogável comissionista de submersíveis, Paulo Portas.
É tão estúpido vir hoje propor aos gregos que aceitem estas ridículas condições, como tentar chantagear um governo que democraticamente quis ouvir a opinião da sua gente, sobre o caminho a seguir na defesa do interesse da maioria.
Só mentalidades prepotentes, que estão a ver no horizonte alvoradas de cruzes gamadas, podem imaginar semelhante proposta.
Perante a realidade em que se tornou a nossa vida, governada por gente deste calibre, só há uma solução….sair “zona Euro” e quanto mais depressa melhor.
A única consolação, neste jardim à beira mar plantado, é existir um Partido Comunista com a exemplar tradição de luta do português, que apesar de estar a lutar contra um aparelho propagandístico  perverso e uma máquina muito bem oleada no sentido de o isolar e ocultar as suas posições e a sua actividade, vai com um apoio militante notável, alertando as pessoas para o que se está a passar.
Apesar de todo o anti-comunismo que por aqui vai proliferando, o que resta do 25 de Abril ainda vai permitindo ouvir gente lúcida, alertar igualmente para os perigos que a humanidade corre, se o Capitalismo conseguir levar por diante, os seus planos hegemónicos mundiais.
É o caso de Nicolau Santos, que hoje no programa da Antena 1, “Contas do Dia” se pronunciou sobre o voto dos gregos.
Para dar a dimensão dos problemas com que a Europa e o mundo se debate actualmente, fez uma analogia com o celebre livro de John Reed “Os 10 dias que abalaram o mundo”.
Por outro lado, ao centrar-se no facto de a União Europeia ter feito da coesão e solidariedade, a base do seu projecto e unidade de acção, ao recusar essa prática, nega aos povos a principal razão que os levou a aceitar de boa-fé, sem grandes exigências de se pronunciarem, uma Europa unida, apesar das imensas diversidades de interesses que se sabiam existir.
Também a eurodeputada Ana Gomes, no programa “Conselho Superior” se pronunciou violentamente contra esta Europa “incompleta” e nomeadamente contra a posição da Alemanha e da senhora Merkel, dada a particular e maléfica influência que tem o seu ministro das finanças Wolfgang Schäuble, a quem designa de “Dr. Strangelove”, figura mítica do filme de Stanley Kubrick que conta a história cheia de humor negro, de um tresloucado ataque atómico à União Soviética, nos tempos da Guerra-Fria.
Sobre a problemática que a questão grega levanta, numa perspetiva mais global, não será despiciente ler o que disseram ontem os dois conhecidos prémios Nobel, Joseph E. Stiglitz e Paul Krugman em artigos publicados quer no “Público” quer no “Jornal de Negócios” onde se pode ver que ambos apoiam o “Não” no histórico referendo que o governo grego vai levar a efeito no próximo domingo dia 5 de Julho.

domingo, 28 de junho de 2015



    A DIREITA É O DINHEIRO
   A ESQUERDA É O TRABALHO
SINTESE DE TODO O “ARCO-IRIS” DA POLÍTICA
É absolutamente notável, a Direita ter chegado à generalidade dos governos europeus, graças não só ao afastamento dos eleitores da coisa pública, como fruto de uma despolitização generalizada.
Por outro lado, enquanto a Direita está sempre pronta e militante a defender os seus interesses, a Esquerda, não só confunde muitas vezes os seus, como abdica de os defender, por apatia, por não entender que tudo na vida é política e consequentemente, não saber valorizar o poder do seu voto.
Nós sempre consideramos que mais vale votar errado, do que não votar; porque quando não votamos, estamos de certeza, a dar o voto ao nosso adversário ou inimigo principal.
Basta pensar que em Portugal, bastaria um voto adequado dos pensionistas e reformados, para impedir que o actual governo de direita, que nunca defendeu ou defenderá os seus direitos naturais, jamais fosse eleito.
Acrescentar a manipulação científica dos órgãos de comunicação social, cuja propriedade está nas mãos da Direita, com raríssimas excepções, mantendo a aparência de defender os princípios teóricos de uma democracia, só os respeitam enquanto isso vende e não prejudica os seus interesses.
Por outro lado, sempre que assim não é, “compra-se” a opinião pública, injectam-se as notícias, abastardam-se os destaques, utilizam-se as personalidades mais adequadas, não só as que habitualmente fazem o jogo, com se recompensa adequadamente as mais renitentes, compra-se o que for necessário, porque se pensa que tudo é subornável e dinheiro…coisa que nunca falta….é só por as máquinas a “imprimir” e o “zé” que pague.
Enchem-nos os ouvidos que a Grécia não é Portugal, para acreditarmos que o que acontecer à Grécia será por culpa dos gregos e connosco “será sempre” diferente!!!
Querem fazer- nos crer que assistimos ao drama da Grécia, quási como longínquos espectadores, pois não temos nada a ver com isso.
Como se a problemática económica, financeira e política do nosso país, fosse diferente da dos gregos.
Como se não enfermássemos dos mesmos males e a crise não reflectisse uma pandemia financeira mundial, reflexo de um vírus que poderíamos designar de “veluti globum” (Globalização) produzida pelo neocapitalismo, cuja essência dita liberal, tende a transformar a humanidade numa “neo-escravatura”.  
A única diferença de facto, é que enquanto a Grécia está de momento, com 41º de febre, nós ainda estamos com 38º.
A sintomatologia é a mesma, o tratamento que nos receitam é igual, embora em dose mais moderada…por enquanto.
Resta-nos esperar que a “febre” aumente, ou o povo resolva mudar de médico e de tratamento.
O problema substantivo, é que quem nos receita a terapêutica, não nos quer curar.
Quer manter-nos “acamados”, com assistência médica permanente e consequentemente, consumir remédios, pagar “consultas”, como se de doença crónica e incapacitante se tratasse.
Mas, deixemos por agora as metáforas e falemos então do que se está a passar no concreto.
Caímos na esparrela de gastar muito mais do que produzimos. Sabemos disso!
A questão não é de agora, e só nos admira que não falem do esbanjamento de recursos, na delapidação do património nacional e dos campeonatos de corrupção a que temos assistido, desde o 25 de Novembro do Mário Soares, passando pelo Cavacal reinado.
Quanto ao desgoverno causado pelo actual preso nº44 e dos seus PEC(ados) 1,2,3 e 4, fica-nos a curiosa memória, de por recomendação da Senhora Merkel (segundo confissão do actual encarcerado 1º ministro), se gastou à tripa forra, para salvar a economia do descalabro causado em 2007 pelo  “Subprime norte-americano”, tendo como conceito governativo a máxima: “As dívidas do governo, são para se ir pagando”.
Afinal, são para começar a pagar já….e com língua de palmo!!!
Em consequência, algumas (poucas) escolas foram luxuosamente decoradas enquanto outras, continuam a cair de podres.
A ameaça de bancarrota que se seguiu, fez mudar de governo, para gáudio do Presidente da República, que sentindo-se presidente de alguns portugueses, ao querer provar que nunca se engana e raramente tem dúvidas, conseguiu espremer a tolerância dos portugueses, a ponto de só as vacas dos Açores, sorrirem de felicidade (como ele próprio referiu!!!) com a sua mujidela.
Na realidade, os ideólogos neoliberais tinham imaginado essa a fórmula, de estimular os governos a gastar o que se tem e o que não se tem, funcionando como um algoritmo para controlar a economia das nações!!!
Eles bem sabem que alguém teria de pagar e está à vista o resultado!!!
Para acautelar qualquer problema e evitar que saia o tiro pela culatra, determinaram que nos impostos não se toca, e os créditos vão ser pagos, diminuindo as despesas do estado, ou seja, em primeira instância, utilizando as verbas destinadas às despesas sociais, o mesmo é dizer, que o comum dos cidadãos teria de perder a capacidade de manter os direitos adquiridos.
Tão simples quanto isso.
Esta exigência que têm um nítido caracter de classe, assenta essencialmente na exploração dos trabalhadores, não só eliminando direitos adquiridos, como fazendo dos benefícios sociais, para os quais descontaram durante todo o tempo que estiveram em actividade, uma fonte de receita sólida, para compensar os empréstimos a juros especulativos.
Esta proposta de solução, é um verdadeiro crime de lesa-humanidade, pois é moralmente inaceitável que se quebre um contrato de dezenas e dezenas de anos dos trabalhadores com o Estado, para o compensar dos encargos sociais que futuramente viriam a beneficiar e acabam defraudados pelo roubo que lhe é feito, à sombra do próprio Estado.
Por outro lado, é ética e politicamente inaceitável, a intenção dos governos de direita, considerarem ilegítimo aumentar os impostos aos mais ricos, tachar os elevados benefícios da especulação financeira, assim como as remunerações escabrosas dos altos quadros das grandes empresas, ou os escandalosos rendimentos do capital financeiro e nomeadamente da Bolsa.
Nós até dispensamos trazer a colação, a questão dos paraísos fiscais (offshores), que são de uma natureza tão imoral, que criá-los (como fez a Inglaterra) e aceitá-los (como todos os governos de direita o fazem) classifica a bandidagem que governa a humanidade.
Quando se estilhaçam os direitos adquiridos, feitos legalmente com o Estado, que deveria ser natural e obrigatoriamente “Pessoa de bem”, está-se a negar a própria natureza da sociedade, que existe para garantir a defesa dos interesses dos cidadãos e proporciona-lhe a felicidade, a que todos os seres humanos têm direito.
Em contrapartida, quando se pretende-se sonegar a equidade dos rendimentos subtraindo-os a uma fiscalidade proporcional, está-se a promover uma filosofia elitista onde a mão-de-obra é filhastra e o resto é que conta.
São estes, os aspectos mais dramáticos, imorais e excessivos, da tragédia com que se debate a sociedade grega, pioneira na experiência neoliberal de domínio mundial dos povos e das nações.
Recordamos que na fila, somos o senhor que se segue.
No entanto, independentemente de sermos as próximas vítimas, temos de nos preparar para em Setembro ou Outubro, consoante o cavacal presidente da república (que tem o nó de gravata mais perfeito do mundo) o determine, darmos a resposta adequada à criminosa canalha que nos governa e aos transformistas do socialismo, pois disso depende muito o futuro de Portugal e dos portugueses.
Tudo o que acima relatamos, é a essência da sociedade dos 2/10, tal como a descrevemos neste Blogue e cujo acesso se encontra num link no cabeçalho.
Recordamos resumidamente que essa sociedade prevê que só 20% da humanidade terá direito em viver o sentimento de felicidade que a Natureza lhe outorgou, distinguindo-a dos restantes animais.
Os restantes 80%, segundo as teses neoliberais, podem e devem ser descartadas do acesso ao direito ao trabalho, dado o excesso de mão-de-obra existente e dos automatismos que no actual modo de produção, coloca nas mãos do patronato a quási exclusividade dos meios de produção.
Raras vezes se fala nisso, mas o direito ao trabalho, é o 1º direito do ser humano, na medida que nascendo numa sociedade organizada, ao nascer começa imediatamente a beneficiar dessa organização e a creditar-lhe a obrigatoriedade da respectiva compensação.
Torna-se evidente que a necessidade de compensá-la dos encargos que acrescem, por cada ser humano que é gerado, só é possível, quando um individuo na idade justa, tem acesso a um posto de trabalho.
Nos tempos que correm, em que os automatismos e a informática diminuem substancialmente os postos de trabalho, são exigíveis novas relações de produção para dar a todos os cidadãos, o direito de compensar a sociedade dos encargos que gera e promover novos índices de felicidade, pela libertação do ser humano de horários de trabalho exageradamente extensos.
Numa sociedade ideal, evoluída, equitativa, solidária, e socialista, há a possibilidade real de transformar num futuro longínquo, o hobby preferido, na fonte de rendimento e compensação justa, que todo o cidadão deve dar, à sociedade onde está inserido.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

ARGUMENTOS PARA PORMOS AS BARBAS DE MOLHO!!!!


     PORTUGAL É A GRÉCIA

       E A EUROPA, UM SUCEDÂNEO 
           DOS ESTADOS UNIDOS

O “Expresso Diário” publicou hoje uma tradução da intervenção do ministro das finanças grego Yanis Varoufakis, na passada quinta-feira, perante o Eurogrupo.
Esse discurso é quanto a nós a perfeita descrição dos problemas que a armadilha criada pelas instituições financeiras mundiais criaram, no sentido de dominarem o destino das nações, segundo os interesses de uma elite transnacional e a que resumidamente se pode designar de agenda neoliberal.
Essa agenda cujos executores se encontram nas várias “Troikas”, FMI, Banco Central Europeu e vários Comités Bancários, agem segundo os interesse dos mercados financeiros, não tendo em consideração a Carta das Nações Unidas (ONU) ou a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
O seu tenaz empenho em desmantelar o sistema de direitos sociais e privatizar as empresas públicas mais lucrativas, são evidentes e o metodo do “Sistema da Dívida”, para subjugar as populações aos seus interesses, tem em Portugal um exemplo trágico de como se detroi um país, uma economia e uma soberania, com séculos de existência.
A leitura deste discurso, é factor importante para ficarmos esclarecidos sobre os perigos que nós portugueses estamos a correr e quando ouvimos reclamar que Portugal não é a Grécia, é caso para nos lembrarmos deste discurso de Yanis Varoufakis e colocarmos as nossa barbas de molho.




Palavra por palavra, proposta por proposta: o que Varoufakis pediu e a Europa rejeitou
Para que se informe e então avalie, para que se questione e depois o questione, para que possa elogiar ou criticar, caso pretenda lamentar ou exaltar, o Expresso traduziu na íntegra o que Varoufakis leu e apresentou na reunião de Eurogrupo de quinta-feira, que acabou como começou: em desacordo. A leitura é longa, mas recomendável e necessária para se perceber o que a Europa rejeitou e o que a Grécia pediu
Nota de Varoufakis no seu blogue pessoal, onde disponibilizou o discurso: “O único antídoto para a propaganda e para as 'fugas' malévolas é a transparência. Depois de tanta desinformação em torno da apresentação que fiz no Eurogrupo da posição do governo grego, a única resposta é publicar exatamente as palavras que proferi. Leiam-nas e julguem por si mesmos se as propostas do governo grego constituem ou não uma base para um acordo”. 
Colegas, 
Há cinco meses, na minha primeira intervenção no Eurogrupo, disse-vos que o novo governo grego enfrentava uma tarefa dupla: 
Temos de ganhar uma moeda preciosa sem desbaratar um importante capital.  
A moeda preciosa que tínhamos de ganhar era um sentimento de confiança, aqui, entre os nossos parceiros europeus e junto das instituições. Para obter essa moeda necessitaríamos de um pacote de reformas significativo e um plano de consolidação fiscal credível. 
Quanto ao capital  importante que não podíamos dar-nos ao luxo de desbaratar, esse era a confiança do povo grego, que teria de ser o pano de fundo de qualquer programa de reformas acordado que pusesse fim à crise grega. O pré-requisito para que esse capital não se perdesse era, e continua a ser, um só: a esperança tangível de que o acordo que levamos para Atenas:
. é o último a ser forjado em condições de crise;
. compreende um pacote de reformas que põe fim a uma recessão ininterrupta de seis anos;
. não atinge selvaticamente os pobres como as anteriores reformas atingiram;
. torna a nossa dívida sustentável, criando assim perspetivas genuínas do regresso da Grécia aos mercados, terminando a nossa dependência pouco digna dos nossos parceiros para pagar os empréstimos que deles recebemos.
Cinco meses passaram, o fim da estrada está à vista, mas este derradeiro ato de equilíbrio não se materializou. Sim, no Grupo de Bruxelas estivemos quase. Quase é quanto? Do lado dos impostos, as posições são realmente próximas, especialmente para 2015. Para 2016, o fosso restante representa 0,5% do PIB. Propusemos medidas paramétricas de 2% contra os 2,5% em que as instituições insistem. Esta diferença de meio por cento propomos eliminá-la através de medidas administrativas. Seria, digo-vos, um erro tremendo deixar que esta minúscula diferença causasse danos massivos na integridade da Zona Euro. A convergência foi também alcançada num vasto leque de questões. 
Ainda assim, não nego que as nossas propostas não instilaram em vós a confiança de que precisais. E, ao mesmo tempo, as propostas das instituições que o Sr. Juncker transmitiu ao primeiro-ministro Tsipras não podem gerar a esperança de que os nossos cidadãos necessitam. Assim, chegámos perto de um impasse. 
Assim, no último minuto e neste estado de negociação, antes de que acontecimentos incontroláveis tomem conta da situação, temos o dever moral, para não falar do dever político e económico, de ultrapassar este impasse. Não é altura para recriminações nem acusações. Os cidadãos europeus responsabilizar-nos-ão coletivamente, todos os que não conseguirem encontrar uma solução viável. 
Mesmo que, mal orientados por rumores de que a saída da Grécia pode não ser assim tão terrível, ou que possa até beneficiar o resto da Zona Euro, alguns estejam resignados a que isso aconteça, é um acontecimento que desencadeará poderes destrutivos que ninguém pode travar. Os cidadãos de toda a Europa não apontarão às instituições, mas aos seus ministros das Finanças, aos seus primeiros-ministros, aos seus presidentes. Ao fim e ao cabo, elegeram-nos para promover a prosperidade partilhada da Europa e para evitar  buracos que possam ferir a Europa. 
O nosso mandato político é encontrar um compromisso honroso e trabalhável. É assim tão difícil conseguir isto? Achamos que não. Há poucos dias, Olivier Blanchard, o economista-chefe do FMI, publicou um artigo intitulado "Grécia: um acordo credível vai requerer decisões difíceis de todas as partes". Tem razão. As quatro palavras significativas são "de todas as partes". O Dr. Blanchard acrescentava que: "no coração das negociações está uma questão simples. Que ajustamento tem de ser feito pela Grécia, que ajustamento tem de ser feito pelos seus credores oficiais?".  
Que a Grécia precisa de se ajustar não há dúvidas. A questão, porém, não é a quantidade de ajustamento que a Grécia precisa de fazer. É, pelo contrário, que tipo de ajustamento. Se por "ajustamento" queremos dizer consolidação fiscal, cortes de salários e pensões e aumento das taxas de juro, é claro que fizemos mais disso do que qualquer outro país em tempo de paz. 
. o défice fiscal, estrutural ou ciclicamente ajustado do setor público passou a superavit à custa de um ajustamento de 20% que bateu recordes mundiais;
. os salários caíram 37%;
. as pensões foram reduzidas até 48%;
. o número de funcionários públicos diminui em 30%;
. o consumo caiu 33%;
. até o crónico défice corrente do país caiu 16%.
Ninguém pode dizer que a Grécia não se ajustou às suas novas circunstâncias, do pós-2008. Mas o que podemos dizer é que este gigantesco ajustamento, necessário ou não, criou mais problemas do que resolveu: 
. o PIB agregado real caiu 27%, enquanto o PIB nominal continuou a cair quadrimestre sim, quadrimestre não ao longo de 18 quadrimestres sem parar até hoje;
. o desemprego disparou para os 27%;
. o trabalho não-declarado atingiu os 34%;
. a banca trabalha sob empréstimos não-produtivos que excedem em valor os 40%;
. a dívida pública ultrapassa os 180% do PIB;
. as pessoas jovens e bem qualificadas abandonam a Grécia aos magotes;
. a pobreza, a fome e a falta de energia registaram aumentos normalmente associados a estados de guerra;
. o investimento na capacidade produtiva evaporou-se. 
Portanto, a primeira parte da pergunta do Dr. Blanchard - "que ajustamento tem de ser feito pela Grécia?" - precisa de ser respondida. A Grécia precisa de uma grande dose de ajustamento. Mas não do mesmo tipo que teve no passado. Precisamos de mais reformas, não precisamos de mais cortes. Por exemplo, 
. precisamos de nos ajustar a uma nova cultura de pagamento de impostos, não de elevar as taxas do IVA, que reforçam o incentivo para fugir ao pagamento e conduzem os cidadãos respeitadores da lei a uma maior pobreza;
. precisamos de tornar o sistema de pensões sustentável, erradicando o trabalho não remunerado, minimizando as reformas antecipadas, eliminando a fraude no fundo de pensões, fazendo aumentar o emprego - não erradicando a tranche solidária das mais baixas das baixas pensões, como as instituições exigem, empurrando dessa forma os mais pobres dos pobres para uma pobreza ainda maior e convocando uma hostilidade popular massiva contra outro conjunto de ditas reformas.
Nas nossas propostas às instituições oferecemos: 
. uma extensa (mas otimizada) agenda de privatizações abrangendo o período entre 2015 e 2025;
. a criação de uma autoridade de Impostos e Alfândegas completamente independente (sob a égide e supervisão do Parlamento)
. um Conselho Fiscal que supervisione o orçamento do Estado;
. um programa a curto prazo que limite o crédito mal parado e gira empréstimos não produtivos
. reformas dos códigos do processo judicial e civil
. liberalização de vários mercados de produtos e serviços (com salvaguardas para os valores da classe média e profissões que deles fazem parte e parcela do tecido social);
. reformas da administração pública (introduzindo sistemas limpos de avaliação dos funcionários, reduzindo custos não-salariais, modernizando e unificando as carreiras do setor público).
Juntamente com estas reformas, as autoridades gregas pediram à OCDE que ajudasse Atenas a desenhar, implementar e monitorizar uma segunda série de reformas. Quarta-feira, encontrei-me com o secretário-geral da OCDE, o Sr. Angel Gurria, e a sua equipa para anunciar esta agenda conjunta de reformas, completada com um mapa específico: 
. um grande movimento anticorrupção e instituições relevantes para o apoiar;
. liberalização do setor da construção, incluindo o mercado e padrões de materiais de construção;
. liberalização do comércio por grosso;
. código de práticas dos media, eletrónicos e impressos;
. centros de negócios na hora que erradiquem os obstáculos burocráticos ao negócio na Grécia;
. reforma do sistema de pensões - onde a ênfase esteja num estudo completo, atual e a longo prazo, no faseamento das reformas antecipadas, na redução dos custos operacionais dos fundos de pensões, na consolidação da segurança social - em vez de nos meros cortes de pensões. 
Sim, colegas, os gregos precisam de se ajustar mais. Precisamos desesperadamente de reformas profundas. Mas exorto-vos a levarem seriamente em consideração esta importante diferença entre: 
. reformas que ataquem ineficiências ou comportamentos parasitas e oportunistas,
e
. 
mudanças de parâmetros que aumentem as taxas de juro e reduzem os benefícios dos mais fracos. 
Precisamos muito mais de reformas reais e muito menos de reformas de parâmetros. 
Muito se disse e escreveu acerca do nosso "recuo" na reforma do mercado de trabalho e quanto à nossa determinação para reintroduzir a proteção dos trabalhadores assalariados através da negociação coletiva. Será isto uma fixação de esquerda nossa que faz perigar a eficiência? Não, colegas, não é. Veja-se por exemplo a provação dos jovens trabalhadores em várias cadeias de lojas que são despedidos quando se avizinha o seu 24º aniversário, para que os empregadores possam contratar funcionários mais jovens e assim evitar pagar-lhes o salário mínimo normal que é inferior para empregados menores de 24 anos. Ou vejam o caso dos empregados que são contratados em part time por 300 euros ao mês, mas são obrigados a trabalhar a tempo inteiro e são ameaçados com a dispensa se se queixarem. Sem contratação coletiva, estes abusos abundam com efeitos nefastos na concorrência (uma vez que os patrões decentes competem em desvantagem com os que não têm escrúpulos), mas também com efeitos negativos nos fundos de pensões e na receita pública. Alguém seriamente pensa que a introdução de uma negociação laboral bem concebida, em colaboração com a OIT e a OCDE, constitui "reversão das reformas", um exemplo de "recuo"? 
Voltando por instantes à questão das pensões de reforma, muito foi feito para que as pensões contem por mais do que contavam no passado; tanto quanto 16% do PIB. Mas consideremos o seguinte: as pensões diminuíram 40% e o número de pensionistas mantém-se estável. Portanto, os gastos com pensões diminuíram, não aumentaram. Esses 16% do PIB não se devem a gastar mais em pensões, mas, pelo contrário, à dramática queda do PIB que trouxe com ela uma igualmente dramática redução nas contribuições devido à perda de empregos e ao crescimento do trabalho informal não-declarado. 
O nosso alegado recuo na "reforma das pensões" é que suspendemos a ulterior redução das pensões que já perderam 40% do seu valor, enquanto os preços dos bens e serviços de que os pensionistas precisam, isto é, medicamentos, mal foram alterados. Considerem este facto relativamente desconhecido: cerca de um milhão de famílias gregas sobrevive hoje à custa da magra pensão de um avô ou de uma avó, dado que o resto da família está desempregada num país onde apenas 9% dos desempregados recebem qualquer subsídio de desemprego. Cortar essa única, solitária pensão corresponde a lançar uma família nas ruas. 
É por isso que continuamos a dizer às instituições que sim, precisamos de uma reforma do sistema de pensões, mas não, não podemos cortar 1% do PIB às pensões sem causar uma nova e massiva miséria e mais um ciclo recessivo, uma vez que estes 1,8 mil milhões multiplicados por um grande multiplicador fiscal (de até 1,5) é retirado do fluxo circular da receita. Se ainda existissem grandes pensões, cujo corte faria diferença a nível fiscal, cortá-las-íamos. Mas a distribuição das pensões está tão comprimida que poupanças dessa magnitude teriam de ir comer nas pensões dos mais pobres. É por esta razão, suponho, que as instituições nos pedem para eliminarmos o complemento solidário de reforma para os mais pobres dos pobres. E é por essa razão que contrapropomos reformas decentes: uma redução drástica, quase eliminação, das reformas antecipadas, consolidação dos fundos de pensões e intervenções no mercado de trabalho que reduzam o trabalho na economia paralela. 
Reformas estruturais promovem o crescimento potencial. Mas meros cortes numa economia como a grega só promovem a recessão. A Grécia deve ajustar-se através da introdução de reformas genuínas. Mas ao mesmo tempo, voltando à resposta à pergunta do Dr. Blanchard, as instituições têm de ajustar as suas definições de reforma promotora do crescimento - para reconhecerem que cortes de parâmetros e aumentos de impostos não são reformas e que, pelo menos no caso da Grécia, minaram o crescimento económico. 
Alguns colegas notaram no passado, e podem voltar a fazê-lo, que as nossas pensões são demasiado altas em comparação com os idosos dos seus países e que é inaceitável que o governo grego espere que eles mantenham o nosso nível de pensões de reforma. Deixem-me ser claro acerca disto: nunca vos pediremos para subsidiarem o nosso Estado, os nossos salários, as nossas reformas, a nossa despesa pública. O Estado grego vive dentro dos seus meios. Nos últimos cinco meses conseguimos mesmo, apesar de termos zero acesso aos mercados, pagar aos nossos credores. Tencionamos continuar a pagar. 
Compreendo as preocupações de que o nosso governo possa cair de novo no défice primário e que é essa a razão que leva as instituições a pressionarem-nos para aceitar grandes aumentos do IVA e grandes cortes nas reformas. Embora seja nosso entender que um acordo viável seria suficiente para fazer disparar a atividade económica o suficiente para produzir um saudável superavit primário, percebo perfeitamente bem que os nossos credores e parceiros possam ter razões para ser céticos e exigir salvaguardas; uma apólice de seguro contra o eventual resvalar do nosso governo para o desperdício de recursos. É o que está por detrás do apelo do Dr. Blanchard ao governo grego para que ofereça "medidas verdadeiramente credíveis". Então, ouçam esta ideia. Uma "medida verdadeiramente credível". 
Em vez de se discutir meio ponto percentual de medidas (ou se estas medidas fiscais devem ser ou não do tipo paramétrico), que tal uma reforma mais profunda, mais abrangente, mais permanente? Um teto para o défice que seja legislado e monitorizado pelo Conselho Fiscal independente com que nós e as instituições já concordámos. O Conselho Fiscal monitorizaria a execução do orçamento de Estado numa base semanal, lançaria avisos se uma meta de superavit primário parecesse estar a ser violada e, em certas ocasiões, lançaria reduções automáticas horizontais a todos os níveis para evitar a derrapagem abaixo do limiar previamente acordado. Dessa forma está ativado um sistema de alerta que assegura a solvência do Estado grego enquanto o governo grego mantém o seu espaço político de que precisa para manter a soberania e ser capaz de governar num contexto democrático. Este é um firme propósito que o nosso governo implementará imediatamente após um acordo. 
Dado que o nosso governo nunca mais precisará de pedir emprestado dinheiro aos vossos contribuintes nem aos contribuintes que estão atrás do FMI, não faz sentido um debate entre Estados-membros que competem para ver quem tem pensionistas mais pobres, instigando um nivelamento por baixo. Em vez disso, o debate avança para os pagamentos da dívida. Quão grandes têm de ser os nossos superavits? Alguém acredita seriamente que a taxa de crescimento é independente do conjunto de metas primárias? O FMI sabe bem que os dois números andam juntos e é por isso que a dívida pública grega deve ser olhada de uma só vez. 
O nosso grande serviço da dívida deveria ser encarado como uma grande labilidade fiscal infundada. Embora seja verdade que as partes EFSF e GLF da nossa dívida têm maturidades elevadas e a taxa de juro não é grande, a labilidade fiscal infundada do Estado grego, a nossa dívida, constitui um componente poderoso que impede hoje a recuperação e o investimento. Refiro-me aos 27 mil milhões de obrigações ainda detidos pelo BCE. É uma labilidade infundada a curto prazo que os potenciais investidores na Grécia olham e viram costas porque podem ver o fosso de fundos que esta parte da dívida cria instantaneamente e porque reconhecem que estes 27 mil milhões na contabilidade do BCE travam a Grécia e não a deixam aproveitar o programa de financiamento do BCE quando este programa está em desenvolvimento e atinge a sua máxima capacidade para vir em auxílio dos países ameaçados pela deflação. É uma cruel ironia que o país mais afetado pela deflação seja precisamente o que é excluído do remédio antideflacionário do BCE. E é excluído por causa destes 27 mil milhões. 
A nossa proposta é simples, eficaz e mutuamente vantajosa. Não propomos mais dinheiro, nem um euro para o nosso Estado. Imaginem o seguinte acordo em três partes a anunciar nos próximos poucos dias: 
Parte 1: Reformas profundas, incluindo o plafonamento do défice  que já mencionei. 
Parte 2: Racionalização do calendário de pagamentos da dívida grega segundo as seguintes linhas. Primeiro, para efectuar uma RECOMPRA DA DÍVIDA, a Grécia pede um novo empréstimo ao ESM, depois compra as obrigações ao BCE e retira-as. Para renegociar este novo empréstimo, concordamos que a agenda de reformas profundas é a condição comum para completar com êxito o atual programa e para assegurar o novo acordo ESM que entra em prática imediatamente depois e corre em concorrência com o continuado programa FMI até ao final de 2016. Os fundos a curto prazo assentes no cumprimento do programa corrente e no financiamento a longo prazo é completado com o retorno dos lucros SMP, ascendendo a 9 mil dos restantes 27 mil milhões, que vão para uma conta usada para satisfazer os pagamentos da Grécia ao FMI. 
Parte 3: Um programa de investimentos que impulsione a economia grega, fundado no Plano Juncker, o Banco de Investimento Europeu - com quem já estamos em conversações - o EBRD e outros parceiros que serão convidados a participar também em ligação com o nosso programa de privatizações e o estabelecimento de um banco de desenvolvimento que procure desenvolver, reformar e colateralizar bens públicos, incluindo propriedades imobiliárias. 
Alguém duvida verdadeiramente de que este anúncio em três partes mudaria dramaticamente o espírito, inspiraria os gregos a trabalharem duramente na esperança de um futuro melhor, convidaria investidores para um país cuja Bolsa caiu tanto e daria confiança aos europeus de que a Europa pode, no momento decisivo, fazer as coisas certas? 
Colegas, nesta encruzilhada é perigosamente fácil pensar que não há nada a fazer. Não caiamos na armadilha deste estado de espírito. Podemos forjar ainda um bom acordo. O nosso governo está de pé, com ideias e com a determinação de cultivar as duas formas de confiança necessárias para pôr fim ao drama grego: a vossa confiança em nós e a confiança do nosso povo na capacidade da Europa para produzir políticas que joguem a seu favor e não contra ele.